terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Folhas

Hoje eu peguei papel e caneta para escrever. Ensaiei algumas frases na cabeça. Rabisquei três ou quatro parágrafos. Falei sobre a saudade, sobre a falta, sobre a decepção. A decepção que senti quando você foi embora sem dizer adeus. Quantos segredos e angústias guardados aqui dentro eu compartilhei com você?! Quantos desabafos e revoltas suas eu ouvi?! Por que você não me disse “tchau”?
Autor da imagem desconhecido
Joguei a folha fora e recomecei. Desta vez um pedido de desculpas, mas direcionado a outro alguém. Frases soltas num papel para disfarçar minha vergonha e minha frustração ao perceber quantas pessoas eu já decepcionei. Quantas expectativas incabidas eu permiti criarem ao meu respeito?! Quanto vale o coração de um inocente?!
Autor da imagem desconhecido
Troquei de caneta (e de folha também). Pensei. Pensei. Pensei. Larguei a caneta e fui até a janela. Era dia e uma chuva constante cai sobre a terra. Vi alguns guarda-chuvas andando, ônibus e carros passando. Então, me lembrei da guria do vinho do mercado. Sem expectativas. Sem medo. Uma simples aventura.

À memória do meu primeiro amor, da minha primeira dor. Escrevi em outra folha. “Por você eu fiz poema e tremi no pátio da escola. Por você eu me declarei. E semanas depois chorei agarrado ao travesseiro”. Joguei a folha fora.

Olhei pela janela. Rabisquei uma folha. Peguei meu guarda-chuva e sai.

A chuva parou.

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