sexta-feira, 30 de maio de 2014

Um amor afogado

Eu poderia ter te amado, mas você resolveu me esquecer. Sabíamos que o tempo juntos era pouco, mas o carinho foi do tamanho da distância que viria. Uma conversa, um riso, mãos dadas, um abraço e um beijo.
A gente se continha para não falar demais, para não passar do ponto. Mas às vezes escapava aquele “Vou sentir sua falta”, aquele “Me abraça forte”. Eu pedia um cafuné e depois você dormia no meu peito.
A distância chegou e com ela a saudade. Saudade que bateu forte e parecia nos manter perto. Mensagens e telefonemas sem fins. Foi então que tudo mudou. As mensagens deixaram de se respondidas, as ligações deixarem de ser atendidos. Então, eu realmente te senti a um mar de distância. Sem perceber, eu estava nadando nesse mar. Só compreendi quando as forças acabaram e uma mensagem sua chegou.
“Me esquece. Passou. Virei a página”
Com água nos pulmões eu afundei. Uma correnteza me arrastou de volta para a praia. Acordei com uma chuva que caia. Olhei o horizonte. Lembrei-me de você. Do nosso passeio de guarda-chuva. Você com medo de se molhar e eu com as costas molhadas tentando te proteger.
“Obrigado! Cada momento contigo valeu a pena. Cada carinho e cada beijo. Mas não vou me afogar por você (não de novo)”.
Imagem - Autor desconhecido




quarta-feira, 14 de maio de 2014

Tirando as teias

Eu tirei as teias do peito. As teias da alma. Vesti uma camisa nova. Sai pela noite. Liguei para alguns amigos. Não os via há algum tempo. Perguntei:
- Qual a boa da noite?
Escolhi uma festa na casa de um amigo. Três ou quatro rostos conhecidos. Música alta. Um pessoal dançando. Peguei uma cerveja e cumprimentei algumas pessoas. Aquela conversa de elevador. Noite agradável e lua crescente.
Um sorriso me chamou atenção. Um riso fácil. Uma alegria que se via de longe. Talvez fosse culpa da vodka que ela estava tomando. Continuei a conversa fiada, enquanto filmava de longe aquela guria.
Esperei ela ir pegar outra dose e corri para o bar. Ameacei servir uma dose para mim, olhei para ela, sorri e a servi. Ela sorriu de volta.
- Já que eu lhe servi, acho que mereço saber seu nome.
Ela riu.
- Vai precisar mais que um drink.
Eu a tomei pela mão. A puxei para pista. Me aproximei.
- Eu não sei dançar, mas quero dançar com você.
Aquele sorriso que havia me chamado reapareceu de novo. Em passos estranhos e sob o efeito do álcool, riamos e conversávamos. Horas passaram. Música baixando.
- Eu preciso ir. Já está tarde.
- Me diz seu nome.
Perto do meu ouvido.
- Lua.
- Então se despeça de mim sob a luz da Lua.