domingo, 26 de outubro de 2014

Ensaio sobre a morte

Eu andei por aí e até me perdi. Entre buracos e sujeiras, andei sem rumo para achar uma trilha. Sonhei com a morte e acordei com a vida. Já imaginei a morte de tantas a formas, que aposto que Deus vai escolher uma diferente só para me lembrar: “Quem manda nessa porra, sou eu”.

Quando eu chegar do outro lado... Eu irei me questionar, por que motivo eu me preocupei tanto com a morte. Por que querer pensar no inevitável, se eu posso mudar o amanha enquanto Ela não me chama.

Dona Morte, por favor, espere. Espere até que eu não tenha mais significado. Espere até que, os que eu amo, tenham aprendido tudo o que eu poderia ensinar. Espere até que nenhum deles dependa de um abraço meu ou do meu carinho. Espere até que eu deixe minha marca para que alguns jamais esqueçam que eu estive por aqui. Só espere eu realizar alguns sonhos, mas se eles te agradarem também, me dê o tempo para realizar todos eles.

Se não for pedir muito, só chame aqueles que eu amo depois que eu tiver dito a todos eles “Eu te amo”’s em quantidade e intensidade suficientes para que partam com a certeza de que jamais serão esquecidos por mim.

Se não for pedir muito, só chame aquele que eu amo quando eu for capaz de viver sem o abraço deles. Só quando o tato do abraço estiver gravado na mente e o calor no coração. Espere até que saiba viver com saudade.
Imagem: Autor desconhecido

Dona Morte, eu sou um bicho egoísta. Eu vou tentar te driblar todos os dias. Eu vou tentar escondê-los de você, me esforçarei ainda mais por isso. Sei que nunca irei te vencer, mas tornarei essa partida mais longa que eu puder. Quando me derrotar, se eu tiver jogado bem, por favor, permita que a minha ida ajude no progresso de alguém aqui.



terça-feira, 16 de setembro de 2014

Talvez dessa vez

Eu te desejei em cada mensagem. Cada vez que o celular apitava, eu me perguntava: “Será que é ela?”. Quando você me disse: “Você foi a primeira pessoa com quem eu conversei hoje”. Eu pensei: “Será que direi ‘bom dia’ na cama dela algum dia?”.

O tempo passou entre suas mensagens respondidas e as ignoradas. Entre nossos encontros que você dizia ser para matar a saudade. Nossos longos abraços, nunca terminados em beijos. Eu esperei por você.

Quando você me disse: “Eu já não sei mais o que fazer”. Eu respondi: “Confia em mim? Larga tudo, vem passar o final de semana comigo. Comprei o vinho que você gosta para experimentar. Vem beber comigo”.

No sábado à noite, eu sentei na varanda. Olhei para as estrelas. Enchi minha taça de vinho. Olhei para a Lua e perguntei: “Por que eu ainda pensei que ela viria?”.

Na segunda de manha, você me envia: “Sonhei com você”. Ah se você pudesse contar o número de respostas que eu pensei para você. Se você pudesse imaginar o número de vezes que eu te xinguei em pensamento. Mas, principalmente, se você soubesse o quanto eu quis que seu sonho tivesse sido real.

Talvez você só esteja me fazendo pagar pelos meus erros, nessa e nas outras vidas. Ou talvez, você só queira atenção para quando o mundo lhe feche as portas. Caso você esteja lendo esses devaneios, não se preocupe. Você não é um monstro. O monstro seu eu. O monstro das ilusões. Das minhas próprias ilusões.

O problema é que eu sou fraco, digo que não me entregarei a você novamente. “Estou com saudades de você” é a mensagem que o celular mostra. Eu esqueço todo o resto... “talvez dessa vez”.



sexta-feira, 30 de maio de 2014

Um amor afogado

Eu poderia ter te amado, mas você resolveu me esquecer. Sabíamos que o tempo juntos era pouco, mas o carinho foi do tamanho da distância que viria. Uma conversa, um riso, mãos dadas, um abraço e um beijo.
A gente se continha para não falar demais, para não passar do ponto. Mas às vezes escapava aquele “Vou sentir sua falta”, aquele “Me abraça forte”. Eu pedia um cafuné e depois você dormia no meu peito.
A distância chegou e com ela a saudade. Saudade que bateu forte e parecia nos manter perto. Mensagens e telefonemas sem fins. Foi então que tudo mudou. As mensagens deixaram de se respondidas, as ligações deixarem de ser atendidos. Então, eu realmente te senti a um mar de distância. Sem perceber, eu estava nadando nesse mar. Só compreendi quando as forças acabaram e uma mensagem sua chegou.
“Me esquece. Passou. Virei a página”
Com água nos pulmões eu afundei. Uma correnteza me arrastou de volta para a praia. Acordei com uma chuva que caia. Olhei o horizonte. Lembrei-me de você. Do nosso passeio de guarda-chuva. Você com medo de se molhar e eu com as costas molhadas tentando te proteger.
“Obrigado! Cada momento contigo valeu a pena. Cada carinho e cada beijo. Mas não vou me afogar por você (não de novo)”.
Imagem - Autor desconhecido




quarta-feira, 14 de maio de 2014

Tirando as teias

Eu tirei as teias do peito. As teias da alma. Vesti uma camisa nova. Sai pela noite. Liguei para alguns amigos. Não os via há algum tempo. Perguntei:
- Qual a boa da noite?
Escolhi uma festa na casa de um amigo. Três ou quatro rostos conhecidos. Música alta. Um pessoal dançando. Peguei uma cerveja e cumprimentei algumas pessoas. Aquela conversa de elevador. Noite agradável e lua crescente.
Um sorriso me chamou atenção. Um riso fácil. Uma alegria que se via de longe. Talvez fosse culpa da vodka que ela estava tomando. Continuei a conversa fiada, enquanto filmava de longe aquela guria.
Esperei ela ir pegar outra dose e corri para o bar. Ameacei servir uma dose para mim, olhei para ela, sorri e a servi. Ela sorriu de volta.
- Já que eu lhe servi, acho que mereço saber seu nome.
Ela riu.
- Vai precisar mais que um drink.
Eu a tomei pela mão. A puxei para pista. Me aproximei.
- Eu não sei dançar, mas quero dançar com você.
Aquele sorriso que havia me chamado reapareceu de novo. Em passos estranhos e sob o efeito do álcool, riamos e conversávamos. Horas passaram. Música baixando.
- Eu preciso ir. Já está tarde.
- Me diz seu nome.
Perto do meu ouvido.
- Lua.
- Então se despeça de mim sob a luz da Lua.



domingo, 6 de abril de 2014

Dança

Dança comigo? Antes que você se vá. Só uma dança. Você diz estar confusa, só que dessa vez é só desculpa. Você já se decidiu. Sei que irá embora amanhã de manhã. Mas antes de ir, dança comigo? Só uma música?
Eu quero a nossa primeira dança. (Mesmo que venha a ser a última.) Eu quero dançar com você e me lembrar disso daqui dez, vinte ou trinta anos. Uma valsa. Uma balada. Um hit dos anos 60 ou 80. Nada dos pagodes dos anos 90. Nem desse sertanejo dito universitário. Quero uma música a dois. Uma música para ser nossa. Uma música que eu não suporte ouvir sozinho, por causa da raiva misturada com saudades que irei sentir (já que você vai embora amanha cedo). Uma música que não me faça me lembrar de você. E sim uma música que toque na minha cabeça quando eu pensar em você.
Sentir você perto de mim. Um abraço em movimento. Minhas mãos na sua cintura. Meu pescoço envolto em seus braços. Sua cabeça encostada no meu peito. Nossos pés num ritmo só. Pra cá. Pra lá. Na batida da música. Na batida do coração. Um olhar. O ritmo muda. Os pés se mexem. Os dedos se entrelaçam. Um giro para cá. E você cai no meu braço. Um giro para lá. E você ameaça uma fuga. Um toque no seu braço. E você volta para junto de mim.
Dança comigo. Um momento nosso. Mesmo que não exista nós. Um momento por todos os outros que não virão. Um momento pelos o que passamos. Uma dança pelo o que existiu e pelo o que não irá existir. Uma dança.



domingo, 30 de março de 2014

Promessa

Imagem: http://www.comicvine.com/profile/kurrent/
Eu te fiz uma promessa. Já faz muito tempo. Apostaria que você nem lembra mais. Porém eu lembro. Você me conhece o suficiente para saber que sempre cumpro minha palavra. Às vezes tardo, contudo nunca deixo de cumpri-las.

Você adora me zoar por ser certinho. Por acreditar em honra e palavras. Talvez eu tenha lido muitos livros de cavalaria. E apesar do George Martin ter me lembrando de que os certinhos só se ferram, ainda penso como um Stark, seguindo meus princípios.

Você perdeu a fé nas pessoas. E eu continuei acreditando que ainda havia esperança. Você me mandou acordar. Eu te pedi para sonhar. Você me disse para correr. Eu disse que ficaria e lutaria. Você disse que não valia a pena. Eu respondi que era preciso.

Quando eu jurei meu amor, você desdenhou. Sem nunca entender que estava pronto para entregar minha vida por você. Nos meus sonhos mais sombrios, eu me atirava na frente de um carro ou de uma bala. Morrendo em seus braços e sussurrando minhas últimas palavras: “Diga ao meu pai que foi necessário, pois é você quem sempre amei”.
Imagem: http://galahad.lyricss.org/galahad/world-watching.html
É... Acho que tenho lido histórias demais. Talvez Galahad pudesse se honrar de um martírio assim. A verdade é que esforço nenhum de cavalaria me adiantaria. Atitude alguma me ajudaria. Quando você entregou seu coração a ele, tudo se tornou em vão...



segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Hey, cadê você?

Eu larguei tudo para estar com você! Você me disse que daríamos certo. Que só pensava em mim. Eu acreditei que você valia a pena. E você me conquistou dia após dia. Se tornou meu porto seguro. Meu melhor amigo. Meu namorado. Meu amante.

Nunca reclamei de passar os domingos jogando vídeo game ou vendo filme no Netflix com você. Também não reclamava quando perdia sua atenção para algum novo musical da Disney que estava para estrear. Era eu quem você convidava para assistir com você.
Você me deu ainda mais motivos para amar as estrelas quando me deu a coleção do Star Wars que eu tanto queria. Você sempre compartilhou do meu amor por animais, mesmo sem entender a razão pela qual sou vegetariana.
Me fez gostar dos seus pais pelo simples fato de que te colocaram no mundo. (Nem vou comentar dos dotes culinários do seu pai ou da simpatia da sua mãe). Você me mostrou que andar de bicicleta na praia é mais divertido quando a gente pode apostar corrida um contra o outro.

Eu até aprendi a fazer brigadeiro, para lhe mimar um pouco depois daquelas nossas briguinhas bobas que só serviam para nos aproximar mais. Quer dizer,não sei se serviram mesmo para nos aproximar.
Você foi embora sem olhar para trás. Olhou nos meus olhos. Beijou minha testa. Disse que me amava e foi embora. Sem notícias ou até breves. Dizendo que nunca me esqueceria. (Mas se é para não me esquecer, por que não ficou aqui?!).
Me diz... Você gosta de me ver sofrer? De me deixar confusa? É isso? Eu não sei se brigo com você ou com o estúpido do meu coração, que me faz pensar se nessa noite você já tem outra ou se sente saudades de mim como eu estou de você.
É para eu te esquecer? Ou para ficar esperando você voltar arrependido? Todas as coisas fazem eu me lembrar de você. Toda a minha rotina. O trampo. As aulas na facul. Essa saudade está doendo demais aqui no peito.
Meus amigos já me disseram para eu parar de pensar em você. Mas e se você voltar?!
Meus amigos já me disseram para eu ter esperança. Mas e se você não vier?!


Eu te amo. Você disse que me ama. Por que não estamos juntos???


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Me Chama

Meu celular apitou logo cedo. Para não me deixar esquecer que era seu aniversário. Como se eu pudesse esquecer o dia do seu aniversário. Eu acompanhei as fotos postadas nas redes sociais da sua comemoração. Você rodeada de novos amigos. (Aqueles que você disse que não teria). Ao menos você parecia feliz, espero que não tenha sido simples poses para as fotos (ou para o fotógrafo).

Desculpa Pequena, mas lhe esquecer é algo fora de cogitação. Sinto falto do seu sorriso de dentes tortos. Daquele seu jeito de sorrir que é só seu. Até parece careta, mas você sorrindo daquele jeito sempre me fez sorrir e aumentar minha vontade de estar com você.

E não foi apenas pelo seu sorriso que eu voltei para você aquela vez. Foi pelo seu carinho. Pelo seu beijo. E se você repetir aquela palavra, pode ter certeza que eu apareço do seu lado. Basta você me chamar. É só você dizer: “Vem”. Eu faço as malas e largo todo o resto.

Da última vez que você me chamou, você ainda estava apaixonada por mim. (Não tente negar, você sabe que é verdade. Eu também estava apaixonado por você). Apesar do seu jeito naturalmente grossa, fica toda boba quando está apaixonada. Quase tão boba, quanto a minha bobice natural. E se disser que estou mentindo, eu lhe mostro as mensagens no meu celular. Aquela que você diz já sentir a minha falta. Ou a que você diz ser confortável dormir do meu lado. Ou a que você deseja que estivesse do seu lado.

Mas você me enxotou pra fora da sua vida. Eu tentei ficar. Lutei contra. Mas ser ignorado por você dói demais. (Apesar de ainda ficar fuçando nos seus álbuns de fotos e revendo aquela nossa foto junto). Como eu queria estar de novo naquela noite que saímos para andar, paramos sobre a ponte e ficamos namorando enquanto os barquinhos passavam no rio. Foi nossa última noite juntos.
Imagem - Autor: Thiago Romero
 Fico feliz em saber que você estava errada. Que depois que fui embora, você não ficou sozinha. Que fez novas amizades e tem se divertido. Passeado. Distraído. Uma pena que não lembre mais de mim. Mas fico feliz de verdade em saber que um dia irei compartilhar um segredo com meu filho, contar nossa história para ele. A menina incrível que tive a sorte de conhecer. Quem sabe ele não se torne um romântico também.


Mas se você me chamar, eu vou! Ainda tenho seu endereço. Até lhe escrevi uma vez, uma pena que você nunca me respondeu.