sexta-feira, 17 de maio de 2013

Talvez

Licença Creative Commons
Talvez eu lhe encontre perdida num bar com um copo de cerveja na mão e uma mesa rodeada de amigos. Talvez você seja fã de jazz e eu esbarre em você na saída de um daqueles concertos no centro da cidade. Talvez você só ande sozinha pelas margens do rio nos dias de sol e eu esteja na margem oposta lhe admirando. Talvez você seja uma poetisa pedindo uma opinião sobre os seus textos. Talvez você seja uma leitora buscando novos materiais.

A guria da bilheteria do teatro ou a atriz do espetáculo. Dos piqueniques nas tardes de domingo. A contadora de histórias da ala infantil da biblioteca. A mocinha envergonhada e desastrada da papelaria.



Talvez você me atropele com o carrinho do mercado enquanto olha sua lista de compras. Talvez na mais clichê cena de cinema você derrube seus livros no chão e nossas mãos se toquem enquanto lhe ajudo a recolher seus livros. Talvez seja a amazona que me impeça de entrar na reserva para um banho de cachoeira.

Defensora dos animais. Violonista da orquestra sinfônica. Garçonete do casamento do meu irmão. Prima distante do meu melhor amigo. Afrodite, Atenas, Era ou Helena.

Não sei quando ou onde irei lhe encontrar, mas quando acontecer eu saberei pelo seu olhar que encontrei a mulher com quem quero partilhar o mundo. Pode demorar, iremos nos encontrar. Irei protegê-la e cobrir meus sonhos, só para ter o gosto de revelá-los pouco a pouco enquanto conheço os seus.



terça-feira, 14 de maio de 2013

Migalhas

Licença Creative Commons
Eu que acreditava nas suas promessas, agora me sinto abandonada. Eu que acreditei no pra sempre, agora vejo que acabou. Você quer ir e vir da minha vida como bem entende, e não percebe (ou finge não perceber) o quão mal isso me faz. Cada vez que você me enche de esperança eu sorrio. Cada vez que você vai, eu choro procurando colo com alguma amiga.

Será que sou tão trouxa para acreditar que um dia isso vai mudar? Que você vai vir e ficar aqui comigo? Que vai ficar abraçado comigo, como se me protegesse do mundo? Mas talvez eu não passe de uma garota boba e sonhadora. Sonhando com um conto de fadas (improvável e impossível).

Minhas amigas já tentaram me arrancar de casa para sair com elas, mas não consigo. Me prendo a minha casa na esperança de que a campainha e seja você dizendo que voltou para ficar. Ou que fará algo bobo para me reconquistar (mesmo sabendo que você nunca me perdeu e, sim, eu que lhe perdi), talvez uma serenata por sob a janela do meu quarto. Sempre que saíamos junto para os luais na praia ou noite de fogueira, eu ficava imaginando o dia que você comporia uma musica para mim. Mesmo que fosse uma música inspirada nas canções do Vinícius, Chico ou Caetano que você tanto gosta.

Não sei como ainda posso ter esses sonhos. No fundo sei que nada disso vai acontecer. Que você nunca me amou do jeito que eu te amo. Na verdade sei, que se você voltar será só para saciar o seu desejo e então ir embora. Mas talvez eu me contente com essas migalhas, por elas serem algo seu ainda.
Imagem - http://quebrandoosmitos.blogspot.pt/2013/04/o-triste-fim-da-minha-ex.html




quarta-feira, 1 de maio de 2013

Compartilhando a alegria

Licença Creative Commons
- Sabe vô... Eu não entendo! Eu vejo algumas pessoas dizendo que “alegria compartilhada é alegria redobrada” e também vejo outras dizendo que “não grite alto a sua felicidade, a inveja tem sono leve”. Isso não é contraditório?! Eu não entendo. Como as pessoas podem pensar tão diferentes.
Imagem - http://www.tumblr.com/tagged/minhahistoria?before=21
- É meu neto... Seu avô já está velho e viveu bastante. Imagine quantas vezes eu já não ouvi essas duas frases. Parece um tanto paradoxal, mas talvez não seja. Ao menos eu gosto de pensar assim.
- O que você pensa vô?
- Quando você passou naquela sua prova de química que estava com medo. Você não veio me contar todo contente.
- Sim. Eu fiquei muito feliz de ter conseguido passar e não precisar da recuperação. Contei para você no mesmo dia que saiu o resultado.
- E eu fiquei ainda mais feliz por você. A alegria que você compartilhou comigo, se multiplicou. Ficamos nós dois felizes. E seus pais também.
- Eu ainda mais feliz por vocês estarem felizes também.
- Viu como a alegria se multiplicou.
- Sim. Mas essa história de “não grite alto sua felicidade, a inveja tem sono leve”?
- Somos família, não somos? Família tem esse poder meu neto, de compartilhar e multiplicar suas alegrias. Não só as famílias, os amigos e as pessoas em geral também. Entretanto, algumas pessoas não compartilham suas felicidades, elas gritam, às vezes a fim de provocar inveja e outras por simples inquietação. Certas pessoas param e conta uma mesma história para diversas pessoas. Isso se torna perigoso, compartilhar a sua alegria com qualquer um, pode levar você a compartilhar com alguém que não está disposto a multiplicar e, sim, a tomar a sua alegria. Infelizmente, existem os que não maduros o suficiente para ficarem felizes pelos outros e apenas os invejam, muitas vezes isso acaba gerando consequências ruins a quem compartilhou sua alegria.
- Você está me dizendo, que não posso compartilhar minha alegria sempre que eu quiser e com quem eu quiser, vô?
- Não, meu neto. Você tem mais é que compartilhar a sua alegria sempre que quiser e achar necessário. Você só deve estar preparado para saber que nem sempre ela se multiplicará, que algumas vezes você correrá o risco de despertar a inveja de pessoas que tenham o coração magoado. São escolhas que você irá fazer. Deverá estar sempre pronto para as consequências. E não existe uma fórmula para isso. Eu já errei muito. Por compartilhar com que não devia e por deixar de compartilhar com quem devia. Somos humanos.
- Você me deixou um pouco confuso, vô. Preciso pensar.
- Pense o quanto quiser.
- Mas, vô... Eu confio em você sempre vou querer compartilhar minhas alegrias contigo.
- E eu sempre estarei pronto para multiplica-la com você.
Imagem - http://www.familiamissionaria.com.br/catsubcat.asp?area=15&cat=19&sub=11&catsub=25