Vinho tinto ou vinho branco. Era essa a dúvida dele. No
corredor do supermercado analisando as opções de vinho na prateleira. Eis que
algo lhe chama a atenção. Um vulto de canto de olho. Ele vira o rosto para
olhar melhor. Ela vestia um sobretudo preto. Cabelo solto, comprido e negro.
Quase não contrastava com o sobretudo. Ela pegava uma garrafa de água qualquer.
Apressada. Sem nem olhar o preço. O rapaz admirado continuava em sua dúvida do
vinho.
Resolveu observar a moça a distância. Curioso com a pressa
que ela demonstrava, mas principalmente com a atração que ela lhe despertava.
Era como se ela conhecesse o supermercado por completo. Ela não olhava para as
prateleiras. Passava rápido pelos corredores jogando as coisas para dentro do
carrinho de compras. Ela foi para a fila do caixa e ele foi terminar suas compras.
Quando saiu do mercado, para a surpresa do rapaz, ela estava
à porta parada. Chovia. Ela estava inquieta. Olhava as horas no celular e batia
o pé no chão. O rapaz resolveu brincar para chamar a atenção dela.
Para a surpresa dele a resposta não foi das mais agradáveis.
- Por que você não cuida da sua vida
garoto?!
- Me
desculpe. Pensei que você fosse doce e estivesse com medo de se desfazer na
chuva, mas pelo visto é azeda.
E saiu na chuva. Levantou a cabeça olhando para as nuvens
sentindo a água bater no rosto e caminhou para casa. A moça continuou a esperar
a chuva parar.
[...]
Ele agachou para pegar uma gilete de barbear na prateleira de
baixo, quando foi atingido por uma perna em movimento que o fez cair sentado no
chão.
- Perdão. Não havia lhe visto.
Disse uma voz feminina. Ainda sem olhar para de onde vinha a
voz. O rapaz respondeu.
- Tudo
bem. Acontece. Pode me ajudar a levantar?
Esticou o braço e foi quando observou de onde vinha a voz.
Era a mesma garota apressada.
- Ora,
ora... Se não é a senhorita azeda?!
- Você!? Me desculpe pelo outro dia.
Não deveria ter lhe respondido daquela maneira. Você só quis ser simpático.
- Eu lhe
desculpo por aquele dia se me ajudar a levantar.
A moça o ajudou a levantar. O rapaz se aproveitou para
levantar e ficar o mais próximo dela. Tinham quase a mesma altura. Alguns
poucos centímetros o separavam. E alguns instantes de silêncio também.
- Vai ficar ai parado ou vai pegar o
que estava tentando pegar?
- Já vou.
Preciso pegar uma gilete. Você é mandona, hein?!
- Você não viu nada!
- Mas me
diz, por que estava tão estressada aquele dia?
- Estressada?
- Sim.
Pegava as coisas na prateleira com raiva. Nem olhava direito para as coisas. E
depois ainda me respondeu daquela forma. Só pela forma que me tratou. Acho que
mereço saber o que a afligia, não acha?! - disse sorrindo.
- Abusado você!
- Você
não viu nada! Não é assim que você diz?!
- Problemas no trabalho. Meu chefe é
um porre. Mas, já passou. Resolvi o que precisava. E provei àquele infeliz por
A mais B que ele estava errado.
- A
maioria dos chefes são um porre mesmo. Meus funcionários devem pensar o mesmo
de mim. Mas antes o chefe lhe estressando que o namorado.
- Não tenho namorado.
- Só o chefe para estressar então.
- E você tem namorada?
- Não.
Quem iria gostar de um cara que é maltratado por uma moça na porta do
supermercado e depois chutado por ela?!
- Você é sempre tonto assim? Ou está
abrindo uma exceção para mim?
- Acho
que os dois.
- Preciso terminar minhas compras.
Foi um prazer falar com você. E, novamente, me desculpe.
Ela saiu. O rapaz ficou observando a moça, enquanto ela sai do
corredor e entrava em outro. Terminou suas compras. Teve então uma surpresa.
Quase a mesma cena. A mesma moça, parada na frente do supermercado esperando a
chuva passar. Dessa vez ela não olhava freneticamente para o celular e nem
batia o pé no chão. Apenas esperava.
-
Confessa. Você não está esperando a chuva passar. Só ficou me esperando sair
para me ver de novo.
- Você é muito abusado.... E
convencido também.
O rapaz se posicionava para sair na chuva novamente. Olhava
pro alto e via as nuvens de água.
- Vai
ficar ai parada ou vai se refrescar?
- Sair nessa chuva? Você está louco!
- Vem! É
divertido! Faz bem. Aproveite que hoje está calor. Relaxe. Deixe a chuva
molhar!
Estendeu a mão à moça e disse...
- Confie
em mim...
nossa! que incrível!
ResponderExcluirq lindooooooooooo.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLindoooooo
ResponderExcluir