quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Carência

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Eu olho de um lado não tem ninguém. Olho do outro também não tem. Procuro um abraço no meio da sombra, mas fico no vazio. No vácuo. Eu desço a barra de rolagem do chat. Devem ter umas cem pessoas online do outro lado do PC. Mas nenhuma delas aqui ou disposta a me encontrar só para me abraçar.
Sei que já passei dos vintes e continuo agindo igual criança. Faço um charme. Um drama. Um sorriso. Procuro um abraço. Um afago. Um colo. Sem medo de parecer infantil. Eu sou bobo mesmo. Sou carente.
Desculpa. Eu fiquei mal acostumado. Quando eu era pequeno. Eu tinha minha mãe. Ela me abraçava e me dava colo. Era só eu pedir. Ou chegar ocupando o espaço. E ela fazia o mesmo, quando era ela que precisava.
Acho que você não me entende. Eu não quero dizer nada. Eu só quero abraçar. Quero sentir um aperto no meu corpo como se fosse o último. Quero um carinho sem palavras. Um eu te amo sem som. Quero um cafuné. Quero. Quero. Quero. Sei que estou querendo demais. Mas sei retribuir também. Sei abraçar para proteger. Sei fazer cafuné. (Brigadeiro e chocolate quente também para as tarde de coberto no sofá da sala).
Você me chama de carente. Diz que só sei pedir. Mas você não entende que eu só não quero ficar sozinho. Que sou pequeno e infantil quando o assunto é cuidar de mim mesmo. Só sinto falta de carinho. De um afago. De um abraço.

Só não confunda minha carência com imaturidade. Já apanhei demais da vida e continuo de pé. Eu reclamo pela falta de carinho. Reclamo mais um pouco daqui ou dali. Contudo eu me viro bem sozinho. Eu pago o aluguel e a prestação da passagem no fim do mês. Pena que você decidiu não ir comigo para Noronha no final mês.



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