terça-feira, 25 de junho de 2013

Ilusão

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Me desculpe, mas estou cansado de me iludir. Acreditei demais nas pessoas. Acreditei em tantas juras de amor. Que agora não me lembro de uma se quer que se preservou. Ou mesmo qual tenha sido verdadeira. Me desculpe, talvez você não esteja fazendo por mal. Talvez você até esteja gostando a minha companhia agora, porém sei que amanhã de manhã você não estará aqui. Sei que nós somos apenas uma ilusão da minha cabeça. Sei que nunca fomos sequer amigos.

Você e quase todas as outras mulheres que conheci, me parecem que ter o jeito certo de mexer nos cabelos, de brilhar os olhos e tom de voz certo para pedir ajuda. (Ou para me usar a fim de conseguir alguma coisa que estavam querendo).

Sei que algumas vezes fui inocente. Outras vezes me fingi de bobo só para ver até onde iriam, ou o que realmente queriam. A verdade é que, na maioria das vezes, fiz por migalhes. Me contentei com migalhas. Me iludi com migalhas.

Talvez na época de colégio eu só fosse o garoto nerd que aparece nos filmes. Aquele que a menininha bonita surge pedindo ajuda com o trabalho de matemática. O garoto faz quase todo o trabalho (quando não todo), fica feliz de ganhar um beijo na bochecha. Enquanto ela vai pro baile com o capitão do time de futebol.

Talvez eu seja só o turista inocente que conhece uma turista bonita. Ficam conversando e conhecendo a cidade. Ele pensa que ela está se interessando por ele. Mas, ela só precisava de alguém para tirar fotos dela pela cidade. Ela o abraça, mas quando ele se aproxima ela se esquiva. Depois que o passeio acabar, eles nunca mais irão se ver.

A culpa é minha de ter acreditado em cada “eu gosto de você”. Por pensar que cada abraço tivesse sido sincero, quando na verdade só confortavam a carência da minha alma. Por ter pensado que cada “conte comigo para o que precisar”, seria de pessoas presentes em minha vida.

Enfim, talvez seja só eu que confiei fácil demais, que me apaixonei muito rápido e me iludi com a velocidade de um raio. Talvez só tenha me isolado das pessoas a quais eu deveria ter me aproximado e me afastado as que me aproximei.

Vou entender se partir pela manhã ou se for embora agora. Vou entender se nunca mais nos vermos. Se quiser ficar e me abraçar, ainda que por pena de mim, prometo mudar o animo dessa noite, mesmo que seja pela primeira e última vez entre nós.





quinta-feira, 20 de junho de 2013

Conhecendo...

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- Você diz que eu me esquivo o tempo todo, mas alguma vez você me disse que queria ficar?!
- Mas eu não sei o que eu quero.
- Por que razão eu entregaria todos os meus pensamentos se nem o mesmo desejo de estarmos juntos você tem? Se nem essa falta dos seus abraços que eu sinto você sente também? Se nem essa vontade de beijar os seus lábios você tem pelos meus?
- Isso não é verdade. Eu gosto dos seus abraços. Eu me preocupo com você, de verdade! Eu me importo com você!
- Ainda sim, você não me deixa uma única chance de lutar por você. Por que eu iria demonstrar tudo que guardo dentro de mim? Por que iria me encher de expectativas se você não estaria disposta a ficar?
- Me parece mais que você tem medo. Medo de arriscar. Medo de lutar.
- Não tenho medo de me apaixonar, se é isso que você está querendo dizer. Estou evitando me apaixonar por você. Eu me afasto e me escondo às vezes, para que as palavras não se excedam. Prefiro o ímpeto de um beijo roubado, a uma palavra não pensada que revele (ou que tente revelar) o que sinto.
- Talvez a culpa seja minha. Sou tão confusa. E fui lhe conhecer justo no meio de tantas dúvidas em minha vida. Por que você não apareceu há alguns anos em minha vida? Eu então não teria pensado duas vezes em lhe dar uma chance. Mas agora nem eu sei mais o que quero de minha vida. Você é um bom rapaz...
Imagem - http://www.padreleoeterno.com/2011/03/importancia-do-dialogo.html
- Só não sou a pessoa certa para você?! Isso que iria dizer?
- Não é isso.
- O que é então?
- Não sei explicar. Mas é verdade. Eu gosto e me preocupo com você.
- Então diz que fica, que eu paro de me esquivar. Não tenho medo de me demonstrar ou me apaixonar. Só quero você disposta a vivenciar o momento comigo. Se eu não lhe agradar, vou entender, mas quero essa oportunidade por completa. Mesmo que eu me apaixone e você não. Mesmo que você se apaixone e eu não. Quero a chance de lutar por você por inteira, e não por um pedaço de você.



quarta-feira, 12 de junho de 2013

Palavras de despedida

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Você falou em tom de despedida palavras nunca ditas. Confessou gostar de mim. Disse que lhe faço bem, que sou gentil e que sempre lhe ajudo. Mas seu ar de despedida impregnou em meus pensamentos. Sinto um medo de ter lhe perdido para o desconhecido (ao menos para mim é desconhecido).

Senti tristeza em sua última mensagem. Me deixou a citação daquele livro que você gosta, aquele em que personagem que lhe faz lembrar de mim. Mesmo que eu nunca consiga memorizar o nome da personagem ou do livro, me dava uma sensação tão boa toda vez que você dizia que algo lhe fez lembrar-se de mim.

Você me disse que não era despedida. Eu fingi acreditar e confiei em você. Mas na manhã seguinte você não estava em sua casa, não atendeu meu telefonema e nem respondeu minhas mensagens. Pensei em lhe procurar no seu trabalho, porém você nunca me contou onde trabalhava. Pensei em perguntar pro seus pais, porém você nunca me apresentou a eles. Pensei em perguntar pros seus vizinhos, porém você morava na única casa da rua.

Já passou uma semana desde que ouvi aquelas palavras de despedidas, e desde então não tenho notícias de você. Você me disse que eu estava errado, que não eram palavras de despedidas. Se não eram palavras de despedidas, por que desde então não lhe encontro mais?

Gostávamos das mesmas bandas. Apesar de um lado meu às vezes querer cair no samba e um lado seu querer assistir a uma opera. Gostávamos dos mesmos filmes. Apesar de eu preferir os filmes nos quais o mocinho se dava mal no final e você os filmes que tinham final feliz. Talvez seja isso, por eu gostar dos filmes que o mocinho ficava sozinho no final. Você resolveu ir embora e me deixar aqui solitário.

Deixei essa carta debaixo da porta da casa em que você morava. Na esperança de que um dia você volte. Espero que esse dia não demore, pois estou sentindo a sua falta. Ainda que meu coração diga que você nunca irá voltar.

Passei essa semana me perguntando o momento no qual eu lhe decepcionei. Não consegui encontrar. Agora me pego pensando se você realmente existiu ou se foi fruto da minha imaginação, da minha solidão. Talvez um estranho alugue a casa e leia essa carta, e então pense que “guri louco”. Com certeza, fui. Fui louco por você! Pelo seu carinho e pelo seu amor. Agora fico aqui apenas com as lembranças dos seus abraços e a fragrância do seu perfume na minha memória.

Cenário do filme SAFE HAVEN



sábado, 1 de junho de 2013

Tentativas - Capítulo 02

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- Aceitas um drink guria? Por conta da casa.
Ela responde sem virar para o balcão. Fica observando o movimento no salão e na pista de dança.
- Aceito.
- Aqui estás!
- Obrigada.
Imagem - http://www.sodahead.com/fun/its-doofiegirls-birthday-todaylets-have-a-bash/question-3343609/?page=7
Ela então se vira para o balcão para pegar sua bebida. O garçom continuava a empunhar o copo sobre o balcão.
- Você?!
- Já que tu não aceitaste jantar comigo, pelo menos meu drink tu quiseste.
- Você trabalha aqui?
- Só nos dias de muito movimento. O dono é meu amigo, então ele me chama quando precisa de uma ajuda. Um dinheiro extra sempre vem bem a calhar.
- E você não acha ruim? Estudar o dia inteiro e depois vir para cá e trabalhar a noite toda?
- Tu te acostumas com o tempo. Além disso, preciso da grana. Mas algumas noites são bem divertidas. Não foram poucas as histórias que eu ouvi e presenciei nesse balcão. E por que tu vieste sozinha pro bar?
- Fiquei de encontrar minhas amigas aqui. Só que como de costume, elas estão um tanto atrasadas.
- Vós sempre vindes para cá? Ou costumais ir para outros bares?
- Já viemos aqui algumas vezes, mas nenhuma vez estava tão cheio.
- Acho que por isso, nunca tinha te visto por aqui antes. Tu ficaste brava comigo pelo meu convite para jantar aquele dia cantina da faculdade?
- Achei você muito abusado. Chegar daquele jeito e me chamar da forma que chamou para jantar. Achei ridículo para lhe falar a verdade. Tanto que nem peguei seu endereço. Deixei o papel onde você colocou.
- Admito que fui um tanto abusado, mas foi a primeira coisa que me veio a cabeça. E não era daquele dia que eu vinha te observando pelo campus. Já fazia algum tempo que te admirava escondido.
- E por que você ficava me admirando?
- Oi amiga! Chegamos. Desculpa a nossa demora. Como está cheio aqui hoje! Mas tem uma mesa ali no canto. Vamos lá?
As amigas então a puxaram pelo braço e começaram a conversar. Só houve tempo dela virar o rosto de encontro ao garçom e ele lhe dizer.