domingo, 10 de abril de 2016

A pior saudade



Uma vez você me disse: “A pior saudade que existe é aquela que a pessoa está ao seu lado, mas mesmo assim nada está como antes”. Eu discordei arduamente de você! Para alguém a quem Deus fez questão de ensinar a dizer ADEUS, a ideia de ter uma saudade mais dolorosa que esta é inconcebível.


O tempo passou e nossa amizade ficou em algum lugar do passado. Na semana passada, nos esbarramos pelas ruas do bairro. Tentei conversar contigo, mas não havia assunto ou intenção da sua parte para que a conversa perseverasse.


Primeiro pensei sobre aquela velha máxima: “Dói quando um amigo se torna um estranho”. Afinal, havíamos nos tornado dois estranhos. Tentei lembrar o motivo de termos nos tornados amigos ou o motivo de termos nos afastados, mas me lembrei da nossa discussão sobre a saudade. Era exatamente o que vivenciamos naqueles minutos na rua. Eu com saudades das nossas conversas e intimidades. Você nem me chamou de nerd, era este seu bullying favorito comigo.


Eu esbarrei em você, não esbarrei na garota da qual sinto saudades. Na verdade, se eu tivesse que apostar, eu diria que o garoto, que sente saudades daquela garota, também não existe mais.

Autor Imagem: http://www.imagenstop.blog.br/imagens-de-despedida/


Percebo agora quantas vezes me encontrei com velhos amigos esperando o mesmo afeto, porém me deparei com um estranho de fisionomia conhecida. Não conseguia me convencer de que não era com meu amigo que eu estava conversando.


Você já ficou numa sala cheia de pessoas que você conhece há um longo tempo e o silêncio habitou intensamente? Eu odeio essas ocasiões! Fujo pela primeira brecha.


Acho que agora eu sou capaz de compreender a dor nas suas palavras naquele dia, enquanto desabafava. Dói bastante sentir saudades de alguém que deixou de existir no corpo daquela pessoa que você gosta tanto. Saber que a pessoa que você gosta não existe mais. Saber que aquela intimidade não existe mais. Contudo, a pessoa continua pelo mundo.


A sua maior saudade é das pessoas que ainda poderiam te abraçar, mas deixaram de existir. A minha maior saudade é das pessoas que não podem mais me abraçar, mas ainda existem.


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Folhas

Hoje eu peguei papel e caneta para escrever. Ensaiei algumas frases na cabeça. Rabisquei três ou quatro parágrafos. Falei sobre a saudade, sobre a falta, sobre a decepção. A decepção que senti quando você foi embora sem dizer adeus. Quantos segredos e angústias guardados aqui dentro eu compartilhei com você?! Quantos desabafos e revoltas suas eu ouvi?! Por que você não me disse “tchau”?
Autor da imagem desconhecido
Joguei a folha fora e recomecei. Desta vez um pedido de desculpas, mas direcionado a outro alguém. Frases soltas num papel para disfarçar minha vergonha e minha frustração ao perceber quantas pessoas eu já decepcionei. Quantas expectativas incabidas eu permiti criarem ao meu respeito?! Quanto vale o coração de um inocente?!
Autor da imagem desconhecido
Troquei de caneta (e de folha também). Pensei. Pensei. Pensei. Larguei a caneta e fui até a janela. Era dia e uma chuva constante cai sobre a terra. Vi alguns guarda-chuvas andando, ônibus e carros passando. Então, me lembrei da guria do vinho do mercado. Sem expectativas. Sem medo. Uma simples aventura.

À memória do meu primeiro amor, da minha primeira dor. Escrevi em outra folha. “Por você eu fiz poema e tremi no pátio da escola. Por você eu me declarei. E semanas depois chorei agarrado ao travesseiro”. Joguei a folha fora.

Olhei pela janela. Rabisquei uma folha. Peguei meu guarda-chuva e sai.

A chuva parou.

Leia também: Vinho tinto ou branco?


domingo, 26 de outubro de 2014

Ensaio sobre a morte

Eu andei por aí e até me perdi. Entre buracos e sujeiras, andei sem rumo para achar uma trilha. Sonhei com a morte e acordei com a vida. Já imaginei a morte de tantas a formas, que aposto que Deus vai escolher uma diferente só para me lembrar: “Quem manda nessa porra, sou eu”.

Quando eu chegar do outro lado... Eu irei me questionar, por que motivo eu me preocupei tanto com a morte. Por que querer pensar no inevitável, se eu posso mudar o amanha enquanto Ela não me chama.

Dona Morte, por favor, espere. Espere até que eu não tenha mais significado. Espere até que, os que eu amo, tenham aprendido tudo o que eu poderia ensinar. Espere até que nenhum deles dependa de um abraço meu ou do meu carinho. Espere até que eu deixe minha marca para que alguns jamais esqueçam que eu estive por aqui. Só espere eu realizar alguns sonhos, mas se eles te agradarem também, me dê o tempo para realizar todos eles.

Se não for pedir muito, só chame aqueles que eu amo depois que eu tiver dito a todos eles “Eu te amo”’s em quantidade e intensidade suficientes para que partam com a certeza de que jamais serão esquecidos por mim.

Se não for pedir muito, só chame aquele que eu amo quando eu for capaz de viver sem o abraço deles. Só quando o tato do abraço estiver gravado na mente e o calor no coração. Espere até que saiba viver com saudade.
Imagem: Autor desconhecido

Dona Morte, eu sou um bicho egoísta. Eu vou tentar te driblar todos os dias. Eu vou tentar escondê-los de você, me esforçarei ainda mais por isso. Sei que nunca irei te vencer, mas tornarei essa partida mais longa que eu puder. Quando me derrotar, se eu tiver jogado bem, por favor, permita que a minha ida ajude no progresso de alguém aqui.



terça-feira, 16 de setembro de 2014

Talvez dessa vez

Eu te desejei em cada mensagem. Cada vez que o celular apitava, eu me perguntava: “Será que é ela?”. Quando você me disse: “Você foi a primeira pessoa com quem eu conversei hoje”. Eu pensei: “Será que direi ‘bom dia’ na cama dela algum dia?”.

O tempo passou entre suas mensagens respondidas e as ignoradas. Entre nossos encontros que você dizia ser para matar a saudade. Nossos longos abraços, nunca terminados em beijos. Eu esperei por você.

Quando você me disse: “Eu já não sei mais o que fazer”. Eu respondi: “Confia em mim? Larga tudo, vem passar o final de semana comigo. Comprei o vinho que você gosta para experimentar. Vem beber comigo”.

No sábado à noite, eu sentei na varanda. Olhei para as estrelas. Enchi minha taça de vinho. Olhei para a Lua e perguntei: “Por que eu ainda pensei que ela viria?”.

Na segunda de manha, você me envia: “Sonhei com você”. Ah se você pudesse contar o número de respostas que eu pensei para você. Se você pudesse imaginar o número de vezes que eu te xinguei em pensamento. Mas, principalmente, se você soubesse o quanto eu quis que seu sonho tivesse sido real.

Talvez você só esteja me fazendo pagar pelos meus erros, nessa e nas outras vidas. Ou talvez, você só queira atenção para quando o mundo lhe feche as portas. Caso você esteja lendo esses devaneios, não se preocupe. Você não é um monstro. O monstro seu eu. O monstro das ilusões. Das minhas próprias ilusões.

O problema é que eu sou fraco, digo que não me entregarei a você novamente. “Estou com saudades de você” é a mensagem que o celular mostra. Eu esqueço todo o resto... “talvez dessa vez”.