Na estação de trem eu lhe roubei um beijo. Ainda sinto o gosto dos seus
lábios. E o carinho da sua mão no meu peito. Na estação de trem eu me despedi,
torcendo para ser apenas um até logo, e a sua imagem ficou na minha memória. Um
sorriso leve. Que só aumentava a minha vontade de perder o trem.
De volta ao meu lugar de sempre. Me pergunto se você virá essa noite.
Enquanto olho o rio e as estrelas. Essa noite queria partilhar com você o meu
refúgio. Ficar abraçado com você e lhe beijar sob a luz da lua.
No fundo sei que você não vem essa noite. Eu também não viria. Do que
adiantaria uma noite se depois fosse nunca mais? Você foge com medo de se
apegar. E eu vou de mansinho com medo de lhe decepcionar.
Quem sabe quando estivermos de volta nos nossos próprios mundos não
nos encontremos na fila do cinema ou do show de alguma banda. Sei que você tem
bom gosto pra música. Pena que sua vergonha não deixou você dançar comigo,
mesmo quando eramos apenas eu e você na sala. (Só me esqueci de lhe contar que
eu também não sei dançar).
Eu deveria ter perdido aquele trem. Mas foi só depois que o trem
partiu que percebi que aquele primeiro beijo pode ter sido o último.
PS: Sem expectativas. Sem promessas. Sem sonhos. Só vontade. Vontade
de lhe ver de novo.
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