quarta-feira, 12 de junho de 2013

Palavras de despedida

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Você falou em tom de despedida palavras nunca ditas. Confessou gostar de mim. Disse que lhe faço bem, que sou gentil e que sempre lhe ajudo. Mas seu ar de despedida impregnou em meus pensamentos. Sinto um medo de ter lhe perdido para o desconhecido (ao menos para mim é desconhecido).

Senti tristeza em sua última mensagem. Me deixou a citação daquele livro que você gosta, aquele em que personagem que lhe faz lembrar de mim. Mesmo que eu nunca consiga memorizar o nome da personagem ou do livro, me dava uma sensação tão boa toda vez que você dizia que algo lhe fez lembrar-se de mim.

Você me disse que não era despedida. Eu fingi acreditar e confiei em você. Mas na manhã seguinte você não estava em sua casa, não atendeu meu telefonema e nem respondeu minhas mensagens. Pensei em lhe procurar no seu trabalho, porém você nunca me contou onde trabalhava. Pensei em perguntar pro seus pais, porém você nunca me apresentou a eles. Pensei em perguntar pros seus vizinhos, porém você morava na única casa da rua.

Já passou uma semana desde que ouvi aquelas palavras de despedidas, e desde então não tenho notícias de você. Você me disse que eu estava errado, que não eram palavras de despedidas. Se não eram palavras de despedidas, por que desde então não lhe encontro mais?

Gostávamos das mesmas bandas. Apesar de um lado meu às vezes querer cair no samba e um lado seu querer assistir a uma opera. Gostávamos dos mesmos filmes. Apesar de eu preferir os filmes nos quais o mocinho se dava mal no final e você os filmes que tinham final feliz. Talvez seja isso, por eu gostar dos filmes que o mocinho ficava sozinho no final. Você resolveu ir embora e me deixar aqui solitário.

Deixei essa carta debaixo da porta da casa em que você morava. Na esperança de que um dia você volte. Espero que esse dia não demore, pois estou sentindo a sua falta. Ainda que meu coração diga que você nunca irá voltar.

Passei essa semana me perguntando o momento no qual eu lhe decepcionei. Não consegui encontrar. Agora me pego pensando se você realmente existiu ou se foi fruto da minha imaginação, da minha solidão. Talvez um estranho alugue a casa e leia essa carta, e então pense que “guri louco”. Com certeza, fui. Fui louco por você! Pelo seu carinho e pelo seu amor. Agora fico aqui apenas com as lembranças dos seus abraços e a fragrância do seu perfume na minha memória.

Cenário do filme SAFE HAVEN



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