Eu sei que eu cobro demais. Cobro de você. Cobro o carinho
que você me deu um dia. O carinho que sem querer você usou para me conquistar.
Você me deixou órfão do seu carinho. Me deixou órfão de você. Dia após dia,
deixei ser seu príncipe para ser um sapo num feitiço qualquer.
Não sei se é porque antes não nos conhecíamos ou se é porque
agora nos conhecemos, mas tudo mudou (e não foi para melhor). Sendo órfão me
tornei pedinte. Um maior abandonado pedindo carinho. Comemorando migalhas. Se
outrora acordei com uma mensagem carinhosa vinda de você, hoje celebro uma
mensagem respondida que não venha acompanhada de um ponta pé.
Por que não me permite entrar na sua vida? Estou cansado de
bater a porta e você não abrir. De pular o muro, entrar sem permissão e você me
mandar embora. Por que você me mantem assim à distância?
Me expulsa de uma vez. Diz que cansou do meu jeito carente,
do meu jeito preocupado. Diz que gosta de outro. Diz que só quer um amigo. Mas
me diz! Conversa comigo. Por que é tão difícil dizer?! Você é muito melhor com as
palavras. Escritas ou faladas. Pode ser por carta, telegrama, telegrafo, email
ou telefone. Só quero as palavras. Suas palavras.
Foi você quem disse não gostar desse mundo virtual em que
vivo, por que não me deixa fazer parte do seu mundo real? No ciberespaço eu lhe
mantenho por perto. Mas esse perto é longe demais.
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