quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Como eu vejo o amor?

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- Vô, o senhor ama a vovó?
- Eu amo e muito a sua avó, meu neto.
- Mas, vô, como eu vejo o amor?
- Logo irão lhe ensinar na escola que o amor é classificado como um substantivo abstrato. Sendo assim, é algo que não se pode ver ou pegar. O amor, meu neto, a gente sente! Porém, confesso que uma vez, uma única vez, eu vi o amor…
- Conta, vô! Por favor! Me conta como você viu o amor! Onde o senhor estava? Como o senhor sabia que o que via era o amor, se o senhor acabou de dizer que ele é abstrato.
- Calma… Calma que o vô conta. Enquanto refresco minhas lembranças, busca aquela almofada para mim.
O netinho buscou e entregou a almofada ao avô, que se ajeitou e agradeceu ao menino.
- Já te contei que quando eu era moço morei um tempo fora do Brasil?
- Não.
- Então, isso daria outra história, mas fica para outro dia. Eu saí viajando e conhecendo muitos lugares diferentes. Parava sempre em cidades diferentes e trabalhava em algum canto que conseguisse um emprego, nem que fosse em troca de um lugar para dormir e comida. Numa das cidadezinhas que parei. Havia uma praça principal na qual ficavam os comércios da cidade. Naquela praça costumava ficar um homem de uns quarenta anos que tocava sanfona para ganhar algumas moedas. Eu trabalhava numa lanchonete onde eu juntava algum dinheiro para viajar para outra cidade. Quando saía da lanchonete, gostava de sentar num banco da praça para ver o por do sol e o movimento da cidade. Aconteceu que num daqueles fins de tarde, comecei a reparar num casal de idosos que passava. Eles sorriam e andavam de mãos dadas. Eles ouviram o som da sanfona e foram de encontro ao som. Eu fiquei só observando. O casal começou a dançar no meio da praça, ao som da sanfona. No ritmo deles. Sorrindo e rindo. Foi ali, meu neto, foi ali que eu vi o amor! Na afeição que eles demonstravam um pelo outro. O carinho que existia entre os dois. Não se preocupavam com nada que não fosse ser feliz e fazer o outro feliz. Quando eles pararam de dançar, fui até eles para conversar e mostrar minha admiração. Eles me convidaram para um café, que eu rapidamente aceitei. A harmonia que eles transmitiam era única. Passei horas e horas conversando com eles, falando da vida e do mundo. Quando perguntei há quanto tempo eles eram casados. Tive uma surpresa, imaginei que a resposta seria o número de anos. Mas, não! O senhor disse “Há três filhos e cinco netos, eles são o nosso casamento, nós dois somos apenas um casal de namorados”. Ali, meu neto, ali se via o amor. Ali eu vi o amor!
- Será que um dia eu vou ser capaz de fazer as pessoas verem o amor em mim também, vô?
- Se você não se preocupar com isso, mas em ser feliz. Aposto que um dia você estará desfilando amor com sua namorada.
Nesse instante a avó entra na sala e os interrompe.
- Hey, vocês dois chega de história e venham tomar o lanche da tarde. Acabei de assar aquele bolo de chocolate que vocês adoram.
O netinho saiu correndo para cozinha. Enquanto o avô, calmamente foi até a sua senhora. Ele a beijou e a tomou pela mão. Num gesto de carinho, a avó disse no ouvido do avô:
- Você realmente admirava os meus avos, senhor viajante.



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